Padre Jorge Nahra se despede da Paróquia Senhor Bom Jesus
Missa em Ação de Graças marcou o encerramento de sua trajetória em Matão
- Postado por Natali Galvao |
- sábado, 01 de março de 2025 | 15:08 hs
Convicção. "Enquanto padres e bispos passam, a comunidade permanece. É essencial que cada um tenha consciência de seu pertencimento à igreja e continue firme na caminhada"
Foto: Natali Galvão
Após 12 anos à frente da Paróquia Senhor Bom Jesus (Centro), o padre Jorge Nahra se despede da comunidade matonense. No domingo (23), uma Missa em Ação de Graças foi celebrada para marcar sua trajetória como pároco. Durante a cerimônia, fiéis, pastorais e amigos prestaram homenagens ao sacerdote. Sobre a sua atuação na paróquia, sua relação com a comunidade, sua transferência e seu futuro, A Comarca entrevistou o padre Jorge Nahra.
O senhor ficou 12 anos à frente da paróquia. Como foi sua chegada e quais foram as primeiras impressões?
Cheguei em um momento delicado para a comunidade, logo após o falecimento do padre Marcos Pião, no início de 2013. Reconheço que, para mim, também não foi fácil essa transferência. Percebi rapidamente o impacto positivo que o padre Marcos havia deixado, pois ele construiu uma forte relação com a cidade e marcou profundamente a vida paroquial e comunitária de Matão. Essa foi a minha primeira grande impressão. Mas, com o tempo, fui conhecendo melhor a realidade local. Não foi um processo simples, mas procurei me aproximar de todos. Esse esforço, somado ao tempo e à colaboração dos fiéis da paróquia, ajudou muito nessa transição.
Quais foram os principais desafios enfrentados ao longo desses anos?
O maior desafio foi incentivar um engajamento mais amplo da comunidade na ação pastoral. Graças a Deus, conseguimos avançar bastante, sempre com o esforço coletivo. Mas essa não é uma dificuldade exclusiva desta paróquia, é algo que acontece de maneira geral. No entanto, com paciência e persistência, fomos dando passos importantes. O trabalho de evangelização ajudou as pessoas a compreenderem melhor o seu papel na igreja, e assim fomos construindo, juntos, o caminho pastoral da paróquia.
Quais momentos mais marcaram sua trajetória na comunidade?
O início foi um período marcante. Mas, ao longo dos anos, o que mais me marcou foi o contato e a convivência com as pessoas, a alegria de perceber que o trabalho estava progredindo e que a graça de Deus nos iluminava. Cada novo projeto pastoral trazia renovação e entusiasmo. A preparação para o Corpus Christi, o Ano Santo da Misericórdia e o Jubileu de 125 anos da Paróquia Senhor Bom Jesus (2023) são momentos que enchem o coração de alegria. Além disso, o envolvimento da comunidade nas festividades de Corpus Christi sempre foi algo muito especial.
Como o senhor avalia as transformações que a paróquia e a comunidade passaram?
Acredito que houve um progresso significativo, respeitando sempre o ritmo de cada um. Sempre procurei valorizar o tempo e a individualidade de cada fiel, pois cada pessoa tem sua maneira de se envolver. Por meio da oração, da meditação da palavra e da participação em reuniões e encontros, a comunidade foi se fortalecendo e tomando mais consciência de seu papel dentro da igreja.
Como foi sua relação com os fiéis e com a comunidade em geral?
Tive um relacionamento muito positivo, tranquilo e enriquecedor com os fiéis. Sempre procurei estar presente, ouvir e dialogar, seja com as pastorais, movimentos, ministérios da paróquia, irmãs da Creche Santa Izabel, profissionais do Hospital Carlos Fernando Malzoni, autoridades locais ou até mesmo com aqueles que não pertencem diretamente à comunidade paroquial. Algumas pessoas, em determinado momento, sentiram necessidade de me procurar para conversar sobre algo e eu sempre recebi isso com gratidão. Essa convivência foi uma grande alegria para mim. Além disso, tive uma relação próxima com os pastores da cidade, baseada no respeito e na cooperação.
De que forma o senhor acredita que seu trabalho contribuiu para a espiritualidade e a vida da comunidade?
Creio que houve um grande avanço na dimensão espiritual da paróquia. Percebo que as pessoas se envolveram mais e procuraram participar ativamente. Quando realizamos o Cerco da Misericórdia, por exemplo, e em todas as atividades que propusemos, houve uma boa aceitação por parte da comunidade. Naturalmente, nem todos aderem da mesma forma, pois cada um tem seu próprio ritmo, mas conseguimos construir um caminho sólido de fé. Os testemunhos que recebo são sinais desse crescimento. Nos últimos tempos, especialmente após o anúncio da minha transferência, muitos fiéis expressaram seu carinho e reconhecimento, o que reforça essa percepção.
Como o senhor recebeu a notícia da transferência?
Foi um momento difícil. Não sou contra as transferências, pois fazem parte da vida sacerdotal, mas acredito que devem ser conduzidas com um processo adequado de preparação, tanto para o padre quanto para a comunidade. Afinal, o sacerdote exerce um papel de liderança e sua saída impacta a todos. A decisão foi comunicada de forma muito direta, sem espaço para diálogo. Argumentei, expus minha posição, mas não houve possibilidade de mudança. Foi uma situação dura de assimilar, e ainda estou processando essa mudança.
O que pode nos contar sobre a nova paróquia onde irá atuar?
Ainda não sei muitos detalhes. Estive por lá há quase 20 anos, quando era diácono, mas a realidade de um diácono é bem diferente da de um pároco. Sei que se trata de uma comunidade ativa e envolvida, composta por várias comunidades menores. No entanto, é necessário vivenciar a experiência para compreender melhor a dinâmica do local. Uma coisa é ouvir relatos de terceiros, outra é ver com os próprios olhos. Meu primeiro passo será conhecer as pessoas e compreender suas necessidades, como fiz aqui. No dia 9 de março, às 19 horas, assumirei a Paróquia Santa Isabel, em São Carlos.
Que legado o senhor acredita estar deixando para a comunidade da Paróquia Senhor Bom Jesus de Matão?
Espero deixar um legado de testemunho, espiritualidade, participação, comunhão e missão. Realizamos visitas missionárias e estamos retomando esse trabalho. Ao longo desses anos, trabalhamos fortemente a comunhão, a fraternidade e a vivência pastoral, e vejo que a comunidade correspondeu de forma muito positiva.
Que mensagem gostaria de deixar para os fiéis que acompanharam seu trabalho?
Meu sentimento é de gratidão. Agradeço a Deus pelo dom da vida e pelo chamado sacerdotal, e agradeço a cada pessoa com quem convivi nesse período. Gostaria de fazer uma memória especial dos religiosos com quem convivi e que já partiram para a casa do Pai: o padre Amador Ramon, o padre Sérgio Paravani e a irmã Dulcinéa Xavier. Todos eles deixaram um legado importante. Agradeço aos demais padres da cidade pela parceria e, claro, a todos com quem convivi. Não citarei mais nomes para não correr o risco de ser injusto, mas saibam que minha gratidão é imensa. Se, em algum momento, cometi erros ou magoei alguém, peço desculpas e perdão. Também agradeço imensamente a colaboração de todos – funcionários da paróquia, pastorais e fiéis em geral. Meu coração está repleto de gratidão. Quero lembrar a todos que, enquanto padres e bispos passam, a comunidade permanece; por isso, é essencial que cada um tenha consciência de seu pertencimento à igreja e continue firme na caminhada. Muito obrigado por tudo e que Deus abençoe a todos!
Padre Osvaldo toma posse neste domingo
A Paróquia Senhor Bom Jesus recebe neste domingo (2), às 10 horas, o seu 31º pároco: padre Osvaldo Gonçalves Pereira. Natural de Ibitinga, onde nasceu no dia 5 de julho de 1963, ele tem 61 anos e foi ordenado sacerdote em sua cidade natal, no dia 5 de janeiro de 1989.
Padre Osvaldo já atuou em Matão no passado, tendo sido vigário na Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Bairro Alto) e o primeiro pároco da Paróquia São Sebastião (Jardim Paraíso). Em reconhecimento aos serviços prestados à comunidade, recebeu o título de Cidadão Matonense em 2005. Nos últimos 14 anos, esteve à frente da Paróquia São Sebastião em Araraquara.
Fonte: Natali Galvão - free lancer
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