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Viva os 100 anos do Jornal A Comarca

POR ADEMIR DE SOUZA

Ademir de Souza. "Ao completar 100 anos, o jornal se consolida como o maior registro da história de nossa cidade"
Foto: Divulgação

O Jornal A Comarca é a memória viva da história de Matão. Ao completar 100 anos neste dia 4 de janeiro, o semanário se consolida como o maior registro das histórias, estórias, lendas, acontecimentos, feitos e fatos de nossa cidade, sempre com a preocupação de oferecer aos seus leitores a diversidade de opiniões. É também o único ‘lugar’ de Matão, para não dizer do mundo, onde podemos revisitar os mais diferentes momentos, sejam alegres ou tristes, com a fidelidade da informação. Um retrato fidedigno das nossas memórias cotidianas ao longo deste século da sua feliz existência.

Sem medo de errar, afirmo que diversos homenageados com nome de ruas e avenidas ou mesmo como patronos de escolas e de próprios públicos de nossa cidade, em algum momento, tiveram suas trajetórias registradas pelo Jornal. Podemos citar, por exemplo, a trajetória de José Venâncio de Freitas Júnior, gráfico e colunista do jornal (coluna ‘Meu Conto’) com o pseudônimo de ‘Sapo Velho’, ou ainda a história de vida de Cleophas Guimarães, tipógrafo do jornal até 1959, quando passou a exercer o cargo de oficial de justiça. Ou mesmo a biografia do ator e comediante Durval de Souza, e tantos outros célebres personagens da Terra da Saudade, como Januário Groppa e Azor Silveira Leite, que se dedicaram a resgatar parte da história de nossa cidade.

A Comarca também dedicou suas páginas aos administradores da cidade, registrando feitos, desafios e conquistas. Como as verificadas na gestão do saudoso Armando Bambozzi, vereador por dois mandatos, vice-prefeito e prefeito de Matão entre 1964 e 1969, tendo dentre seus feitos a construção da capela no cemitério, o nascimento da Apae de Matão, além de ter conseguido 400 telefones automáticos junto à Companhia Telefônica Brasileira (CTB) – uma revolução na época.

Durante um século, as páginas deste verdadeiro ‘retrato falado’ registraram enchentes, assassinatos, acidentes, vitórias, conquistas, planos, projetos, expectativas, despedidas de grandes amigos ou de líderes empresariais, políticos, autoridades religiosas, civis, militares, pessoas caras, de biografias inesquecíveis, bem como uma infinidade de anônimos que por esta terra passaram até despercebidos pelo público, mas não pelos familiares, através do registro do nascimento na coluna ‘Chorinho Novo’, ou do obituário, assim como na contracapa destinada aos artigos e crônicas históricas, como aquelas escritas pelo professor Paulo Waldemar Pavarini e por Alceu Nantes (Lecau), dos escritos memoráveis de Januário Groppa, Adail Pedro, Azor Silveira Leite, também imortalizando os livros históricos de Januário e Azor, e os nomes de ruas na compilação realizada por Eduardo Matuiski, dentre outros diversos colaboradores. Tivemos ainda os registros nas suas colunas sociais dos eventos captados pelas lentes de Cássia Manzi, Ester Cassiano, Ernesto Cavichiolli, Neusa Ribeiro, Olavo Picchi, pessoas importantes que ajudaram a construir esse legado de 100 anos.

Tenho também o maior orgulho e agradeço as dezenas de oportunidades em que tive artigos de minha autoria publicados no Jornal, além de notícias sobre minha atuação na vida pública durante mais de 18 anos de serviços prestados na Prefeitura de Matão e como vereador de 2010 a 2012, bem como o registro para a posteridade de minha vitória na eleição de outubro de 2024 e de minha posse no mandato que assumi no último dia 1º de janeiro.

Em suas mais de 5 mil edições, vimos o orçamento da cidade subir, descer; vimos um linchamento; um marido dizer que Exu lhe ordenou a cometer feminicídio; um ‘forasteiro de Itápolis’ (Laertão) ter a alcunha de lobisomem e tornar-se uma referência histórica na política; um vereador virar prefeito, depois alcançar dois mandatos de deputado estadual, voltar a ser prefeito e não se eleger vereador (Jayme Gimenez); também assistimos outro ‘forasteiro’ se eleger prefeito por quatro vezes (‘É Tetra’, estampou a edição especial) e morrer no início do inédito quarto mandato (Adauto Scardoelli).

A Comarca registrou também uma viagem do então prefeito Adauto a Portugal, em 13 de abril de 1998, que por pouco não materializou o ditado de “quem vai à roça, perde a carroça”, quase lhe custando o mandato. No dia 12 de abril de 1998, em uma tumultuada sessão da Câmara, o então vice-prefeito Laercio Mendes tentou reduzir o IPTU em 50%, além de extinguir a Companhia de Água e Esgoto de Matão (Caema). A Sessão foi suspensa pelo então presidente Cidinho e Adauto voltou às pressas para recolocar a casa em ordem.

A Comarca documentou, na despedida dos dois ‘forasteiros’ (Laertão e Adauto), a chegada de dois vice-prefeitos (João Féchio e Cido Ferrari, que juntos somaram mais de 50 anos de trabalho na Bambozzi) ao poder, por dois mandatos (Cido Ferrari iniciou o seu segundo agora em 2025).

Por 76 vezes pudemos contemplar, ainda que boa parte em preto e branco, as fotografias dos lindos quadros e da bonita Festa de Corpus Christi, seguramente a mais tradicional celebração religiosa da cidade, retratando em suas históricas páginas a devoção, a fé, o voluntariado e a dedicação de anônimos e de artistas consagrados, ajudando a divulgar e perpetuar não só essa magnífica tradição como a história da nossa querida Matão para muito longe de nossas divisas.

O uso do primeiro telefone celular na cidade também foi noticiado por A Comarca. Tadeo Gimenes, então prefeito, foi o primeiro a experimentar a tecnologia hoje presente em quase 100% dos lares matonenses. O progresso trouxe a necessidade da expansão do Anel Viário da cidade, que podemos rememorar nas páginas do jornal, assim como a instalação de poços artesianos, a construção da Igreja Matriz e a criação da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida na década de 1980.

O caso de uma tentativa de assassinato não consumado durante a construção da igreja, seguido de suicídio, um crime passional que entristeceu nossa comunidade, foi noticiado. Tragédias como as do taxista Evaristo de Abreu, das meninas Quezia e Camila, além de trágicos acidentes que ceifaram a vida de muitas pessoas, também estão documentadas.

O centenário jornal também não se esqueceu do esporte – com a coluna ‘O Cornetão’, que trazia as principais notícias esportivas – e registrou momentos felizes como a conquista do acesso da Matonense à primeira divisão do futebol paulista em 1997. Já a coluna ‘Garota da Semana’ trazia fotos, gostos e preferências de bonitas matonenses, e a coluna ‘Vamos Mexer’ agitava o final de semana dos jovens com recados e mexericos. A memorável hospedagem dos Rolling Stones em Matão também não passou despercebida no semanário, que ainda publica muitas matérias sobre tantos outros artistas renomados que por aqui se apresentam.

Tais reminiscências são apenas pequenos retratos do caleidoscópio de reportagens, artigos, editoriais, colunas e notícias estampadas semanalmente para o deleite de seus fiéis leitores. Tratam-se de relatos da trajetória vitoriosa de verdadeiros abnegados que criaram, embalaram, alimentaram, fortificaram, repaginaram, coloriram, multiplicaram, digitalizaram e perpetuaram a história de um povo.

A história das famílias e dos seus administradores, para nossa satisfação, nosso orgulho e para a posteridade, nos leva à certeza de que foram anos dourados, inesquecíveis e muito bem narrados, com a mesma fidelidade e compromisso, desde 4 de janeiro de 1925, data de fundação do nosso tão querido semanário. Nas pessoas dos diretores Paulo Sergio Gabriel e seu filho Sergio Gabriel, manifesto nosso obrigado a todos os repórteres, colunistas, articulistas e demais colaboradores do jornal por registrarem tão brilhantemente a nossa história. Parabéns, A Comarca, pelos seus 100 anos!

 


Fonte: Ademir de Souza é vereador (PT)


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