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Presidente do SindMetal rebate críticas

Edevaldo Carlos Pinto (Di) fala de negociações acima da inflação, ajuda às empresas, Reforma Trabalhista e paralisações


O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos (SindMetal-Matão), Edevaldo Carlos Pinto (Di), está no cargo há apenas um ano, mas é ligado à entidade há 13 anos. Em entrevista ao jornal A Comarca, ele rebate as críticas feitas pelo presidente da Baldan, Celso Antônio Ruiz, na edição anterior do jornal, e fala sobre negociações, paralisações, economia e Reforma Trabalhista.

Por que nas negociações em Matão, os reajustes atingem valores mais altos que os praticados no estado?

Porque o custo de vida em Matão é muito alto. Negociar apenas a reposição da inflação não atende às necessidades dos trabalhadores. Além disso, o índice oficial da inflação é menor do que o trabalhador paga nos produtos e serviços. O trabalhador é consciente, atento à realidade. Ele, mais do que ninguém, sabe ao quanto a negociação pode chegar, é ele que está no chão de fábrica produzindo, ele vê o que está saindo da empresa. O Sindicato apenas reflete o anseio do trabalhador, orienta e organiza a negociação, as assembléias; tanto que nem sempre o índice de reajuste é igual para todas as empresas da cidade. O Sindicato não mede esforços para estar presente ouvindo o trabalhador e nem tampouco se nega a conversar com os empresários. O foco desta Diretoria sempre foi o diálogo, o bom senso e acima de tudo a manutenção e ampliação das melhores condições de trabalho. Também não podemos deixar de falar que há casos em que o empresário diz que não tem dinheiro para dar aumento, PLR, abono, mas sabemos que está investindo, bancando encontros, convenções com altíssimo custo. Então podemos concluir que nem sempre é falta de dinheiro... Uma visão equivocada da maioria dos empresários é ver no trabalhador um custo, um adversário. Parece negar a real importância dele, pois sem o trabalhador não existe produção, não existe riqueza. Nada mais justo que valorizar os que levam as empresas, o país, nas mãos e nas costas.

O Sindicato não direciona o resultado?

Olhando para o passado, por volta de 1998, na empresa Baldan, por exemplo, mesmo com a produção em alta, com o trabalhador fazendo cerca de 80 horas extras por mês, a empresa entrou em crise. Difícil de entender. Em negociação com a Diretoria Sindical daquela época, foram acertados redução da jornada e banco de horas. Mesmo com essa ajuda, a empresa vem desde lá até os dias de hoje oscilando entre altos e baixos. Com a atual Diretoria também houve negociação para a redução de jornada na tentativa de equilibrar a situação. Mas num ato, diria até de traição ao voto de confiança dos trabalhadores, ela dispensou 400 funcionários, os quais tiveram que entrar na justiça para receber as verbas rescisórias, e depois readmitiu quase todos, mas com salários menores. Isso prova que nem trabalhador e nem Sindicato são radicais. Interessante dizer que, desde aquela época, a empresa citada não se recuperou plenamente, enquanto outras do mesmo segmento vêm crescendo sistematicamente. Podemos, portanto, concluir que as negociações de Data-Base não são motivo de mau desempenho para nenhuma empresa. O problema aí é outro.

Como seria uma negociação ideal?

A negociação ideal é aquela em que as necessidades do trabalhador são levadas em consideração, pois já foi comprovado que trabalhador satisfeito produz mais; consequentemente, todos saem ganhando.

E sobre as últimas manifestações na porta da Baldan, a que elas se referem?

Infelizmente, no Brasil ainda existe a cultura do ‘jeitinho’, do ‘quem pode mais, chora menos’. A pergunta é: por que pagar verbas rescisórias com atraso, parcelar FGTS, dispensar trabalhador com estabilidade, dificultar negociação de reajuste e de PLR, se tem dinheiro para investir em outra cidade e, pasmem, fazer convenção de determinado setor num resort em Brotas? Depois não querem que os trabalhadores se manifestem? O trabalhador não é bobo! É essa a maneira eficiente de administrar?

E sobre a Reforma Trabalhista?

A Reforma Trabalhista deixou todos apreensivos. Propôs mudanças profundas que podem, se aplicadas integralmente, prejudicar muito o trabalhador. Este Sindicato está atento às entrelinhas das propostas do Governo; não somos inocentes a ponto de achar que aumento da carga horária, terceirização, trabalho temporário, trabalho intermitente e negociação direta entre empregador e empregado podem gerar empregos e melhorar a qualidade de vida do cidadão. Não deu certo em outros países, não houve geração de emprego como os governos esperavam. É fundamental observar as experiências mundiais e não cometer os mesmos erros. Por isso, na negociação da Data-Base/2018, incluímos cláusulas de proteção que foram negociadas entre empresa e Sindicato para aplicação da nova Lei. Esse Acordo é renovado a cada ano, podendo as partes ajustá-lo à situação do momento. Não me parece motivo para críticas.

Como você prevê as negociações deste ano?

A Data-Base do setor metalúrgico é em setembro. Mas para que não haja atraso, as negociações começam em julho de cada ano. A expectativa é de que seja longa e truncada, aliás, como em todo ano. Mas repito: se o bem-estar e a qualidade de vida do trabalhador forem postos na conta, a negociação flui mais rápido. A bancada patronal tem que entender uma coisa: não existe empresa sem mão de obra. É bem simples! E te falo outra coisa: o trabalhador matonense não pede nada impossível, nada além da conta, ele é consciente de seus direitos e deveres, sabe muito bem até onde pode ir. E nós vamos com eles!

O Sindicato pode estar prejudicando o trabalho das empresas aqui instaladas ou dificultando a vinda de novas empresas para Matão?

Não é função do Sindicato trazer novas empresas para o município. A função do Sindicato é zelar pelas condições de trabalho, para que não haja abuso de poder em detrimento do trabalhador. Desde 2006, é esta Diretoria que atua na defesa da classe metalúrgica, que negociou a implantação do PLR nas empresas. Foi uma inovação. Houve resistência, mas já estão provados os seus benefícios: aumento de produtividade, queda do absenteísmo (falta ao trabalho), satisfação do trabalhador, aumento na renda das famílias, ganho para a economia local. Todos ganham. Mas para que o programa dê certo é importante que os administradores invistam na gestão da empresa. Haja vista a empresa Marchesan, que investiu e teve ganho de produtividade, o que gerou um aumento de R$ 800,00 no PLR para cada trabalhador [acima do valor acertado de R$ 4.200]. Fica a pergunta: o que outras empresas têm que a Baldan não tem? Lembramos que as negociações do PLR 2019/2020 já começaram. Termino dizendo que nada se desenvolve sem organização. Nas tarefas cotidianas mais simples ou na administração de grandes empresas são necessários organização e foco. Assim o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Matão pensa e trabalha.


Fonte: Ingrid Alves


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