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Esther Góes traz sua arte a Matão

Convites já estão disponíveis para o espetáculo com a premiada atriz


A peça teatral ‘A Estrada de Wolokolamsk’ (de Heiner Mueller) será encenada em Matão na quarta-feira (31), às 20 horas, no auditório da Casa da Cultura. O evento é promovido pela Secretaria de Estado da Cultura, por intermédio do projeto Circuito Cultural Paulista e da Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), em parceria com a Prefeitura de Matão (Secretaria de Educação e Cultura). A entrada é gratuita, com retirada antecipada de convites – podem ser trocados por 1 quilo de alimento não perecível ou 1 litro de leite – na Casa da Cultura. A classificação indicativa é de 16 anos.

O enredo teatral situa-se no interior de uma guerra: a do real e do irreal. De acordo com a produção do espetáculo, dirigido pela atriz Esther Góes e Ariel Borghi, neste contexto, a realidade da Alemanha após a Segunda Guerra adquire um aspecto de sonhos que se substituem (nazismo, socialismo soviético, capitalismo) a partir do fracasso de cada um deles, sem exceção. “O real é o que criamos a partir do que acreditamos e sonhamos, mas teremos que sonhar outros sonhos para torná-los novamente realidade. Os sonhos realizados de cada indivíduo podem se tornar pesadelos, tais como o autoritarismo e a submissão. Podem liquidar a capacidade de pensar e de ser”, relata a atriz.

O PROJETO

A escolha do texto se deu em razão de sua contribuição à compreensão dos dilemas e contradições do nosso tempo, com especial ênfase ao autoritarismo presente nas relações humanas. As questões do século 21 ampliam e aprofundam as vividas no século 20. ‘A Estrada de Wolokolamsk’ exemplifica, por meio dos seus cinco quadros, grande parte destas questões. O espetáculo aborda fatos que historicamente relacionam a Segunda Guerra Mundial no front russo (dominado pelo stalinismo brutal) e o período de existência do regime socialista da Alemanha Oriental, cujo Muro de Berlim foi o ápice da crescente repressão que determinou o seu desaparecimento.

O autor, segundo a produção do espetáculo, oferece um ponto de vista privilegiado de ator e testemunha dos fatos. ‘A Estrada de Wolokolamsk’ foi escrita de 1985 a 1987. O Muro de Berlim, construído em 1961, foi derrubado em 9 de novembro de 1989. O regime socialista na Alemanha Oriental existiu de 1949 a 1989. Nos quadros ‘Abertura Russa’ e ‘Floresta’ sucedem-se fatos que ocorreram na Segunda Guerra, em uma unidade militar russa solitária, defendendo Moscou do avanço do Exército Alemão. O espírito de Stalin domina a cena.

Nos quadros ‘Duelo’ e ‘Centauros’, o regime socialista já implantado em Berlim Oriental no pós-guerra demonstra, em sua decadência prematura, a progressiva repressão e a burocracia asfixiante. Utilizando fortes elementos de humor, o quadro ‘Centauros’ transforma em farsa a tragédia burocrática. O quinto quadro, ‘O Enjeitado’, explica, na profunda distância entre um pai e seu filho, a impossibilidade de transferir um legado repressivo à próxima geração. A ruptura entre gerações é o estopim para a implosão do sistema. O muro cai. Um quadro questiona o outro. Finalmente, o próprio observador é questionado.

Heiner Müller sugere, ao fim da narrativa, o sentimento de melancolia face ao desaparecimento súbito do empreendimento socialista da Alemanha Oriental, do qual fora entusiasta e crítico e no qual permanecerá por sua livre escolha. A esperança subsiste até a metade do terceiro quadro, ‘Duelo’, na tentativa de um movimento que pudesse ter evitado o naufrágio. Mas, nos quadros seguintes, a Alemanha Oriental perdia peso e legitimação. Tudo se encerra no mero retorno ao regime anterior. O espírito de Stalin que aparece na primeira hora transforma-se, no final, em Deustche Bank.

O diretor do Departamento de Cultura, Julio Ribeiro, diz que será uma honra receber Esther Góes. “É uma grande atriz, reconhecida nacionalmente por seus trabalhos na televisão, teatro e cinema. Matão será privilegiada por recebê-la, assim como aos demais atores”, destaca. A secretária de Educação e Cultura, Adriana Marangoni, reforça que receber um espetáculo desta magnitude promove a reflexão acerca de conteúdos históricos. “No que diz respeito à Cultura, conseguimos proporcionar momentos de entretenimento e difusão cultural, algumas das premissas da atual gestão”, pondera.

A ATRIZ

Esther Góes formou-se em 1969 pela Escola de Arte Dramática da USP. Em 1990, recebeu muitos prêmios pelo filme ‘Stelinha’, em que interpreta uma cantora decadente e alcoólatra. Atuou em várias novelas da TV Globo, SBT e Rede Record. Atualmente dedica-se ao teatro, sua grande paixão, junto ao filho Ariel Borghi. Está apresentando ‘A Estrada de Wolokolamsk’, de Heiner Muller, em São Paulo e cidades do interior paulista. Em 2012, dirigiu a peça ‘A Coleção’, de Harold Pinter.

No teatro, Esther Góes participou de espetáculos como ‘Tarsila’, de Maria Adelaide do Amaral; ‘O Abajur Lilás’, de Plínio Marcos; ‘Santa Joana’, de Bernard Shaw; ‘Os Pequenos Burgueses’, de Máximo Gorki; ‘O Rei da Vela’, de Oswald de Andrade; e ‘Galileu Galilei’, de Bertold Brecht. Dentre os prêmios que recebeu estão: Kikito na categoria melhor atriz, por ‘Stelinha’, no 18º Festival de Gramado; Troféu APCA na categoria melhor atriz, por ‘Stelinha’, na Associação Paulista de Críticos de Arte; no IV Rio-Cine, venceu na categoria melhor atriz coadjuvante, por ‘Eternamente Pagu’; e no Prêmio de Qualidade Brasil, venceu na categoria melhor atriz pela peça ‘Abajur Lilás’.


Fonte: AIP


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